Dorivaldo Bernardo

Na manhã desta terça-feira, 17, a cidade de Andradina foi abalada por uma tragédia: O  oficial de justiça, Antônio Correa de Paula, tirou a própria vida com um tiro na cabeça no estacionamento do Fórum da cidade. Ele, era muito conhecido em Andradina e há tempos vinha lutando contra a depressão, é mais uma vítima de uma doença que atinge milhões de pessoas ao redor do mundo. O caso reforça a necessidade de atenção e cuidados em relação à saúde mental, especialmente em ambientes de trabalho onde a pressão e o estresse são constantes.

A profissão de oficial de justiça, além de ser de extrema importância no sistema judiciário, carrega consigo uma carga de responsabilidade enorme. No Estado de São Paulo, os profissionais têm enfrentado desafios crescentes, como a alta demanda de processos a serem entregues em prazos cada vez mais apertados. O não cumprimento das ordens judiciais pode resultar em processos administrativos e, em casos extremos, até na cassação do cargo. Essa pressão intensa, aliada a outras questões pessoais e profissionais, pode contribuir para o agravamento de quadros de depressão e outros transtornos mentais.

Estudos indicam que o ambiente de trabalho e a pressão por resultados podem estar relacionados à decisão de cometer suicídio. No caso de Antônio, os fatores de risco são evidentes: a depressão, uma condição mental crônica e debilitante; o estresse intenso causado pela sobrecarga de trabalho; e a sensação de falta de saída, em meio a um sistema judicial que precisa urgentemente de reformas para reduzir a pressão sobre seus profissionais.

Especialistas afirmam que toda expressão de pensamentos suicidas ou tentativa de suicídio deve ser levada a sério. A ajuda e o apoio são fundamentais para evitar que mais casos como o de Antônio se repitam. Entre os principais fatores de risco para o suicídio estão:

• Depressão ou outras doenças mentais;

• Tentativas anteriores de suicídio;

• Luto recente;

• Dependência química ou alcoólica;

• Histórico familiar de suicídio;

• Falta de vínculos sociais e familiares;

• Doenças terminais ou incapacitantes;

• Problemas no ambiente escolar ou laboral, como o bullying;

• Desemprego;

• Declínio social;

• Divórcio;

• Estresse.

Foto: Dorivaldo Bernardo (Não é permitido o uso sem prévia autorização)

A morte de Antônio não pode ser em vão. É necessário que ela sirva de alerta para que uma solução seja encontrada para desafogar o sistema judiciário e melhorar as condições de trabalho dos oficiais de justiça. Mais do que nunca, é preciso discutir políticas públicas que promovam a saúde mental no ambiente de trabalho e ofereçam suporte psicológico adequado para os profissionais que sofrem com a pressão de suas funções.

O Fórum de Andradina e a comunidade jurídica local lamentam profundamente o ocorrido e prestam suas condolências à família de Antônio. Que sua história sirva como um chamado à ação, para que outros não sofram em silêncio.

É necessário urgentemente uma chamada de concursados (Oficiais de Justiça) para que ocupem seus cargos e aliviem a alta demanda hoje existentes nas comarcas de todo o Estado de São Paulo. 

Se você ou alguém que você conhece está passando por dificuldades emocionais, não hesite em procurar ajuda. Serviços como o CVV (Centro de Valorização da Vida) estão disponíveis 24 horas por dia, pelo número 188, para oferecer apoio gratuito e sigiloso.