Devido ao iminente colapso no sistema de saúde de todo o Estado de São Paulo, o governador João Doria (PSDB), determinou que o AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de Andradina se tornasse hospital de campanha da Covid-19 com 10 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 10 de enfermaria, mas tem desagradado políticos locais.

Puxado pelo prefeito de Andradina Mário Celso Lopes e de Ilha Solteira Otávio Gomes, ambos do PSDB, outros prefeitos abraçaram a ideia e estão pedindo que o AME não se torne hospital de campanha da Covid, anunciado para começar a funcionar dia 1º de março.

Na tarde desta terça-feira (16), alguns prefeitos da região tentaram mudar a decisão do governo por meio de videoconferência com um assessor do secretário de Desenvolvimento Regional. Pediram a abertura de 20 novos leitos de UTI nas dependências da Santa Casa de Andradina e não paralisação dos atendimentos no ambulatório de especialidades.

Entretanto, diante do avanço da doença, já foram tomadas medidas de adequação do prédio do AME pertencente ao próprio governo paulista, como a compra de usina de oxigênio medicinal, instalação de dutos para o fluxo de oxigênio, equipamentos e até abertura de processo seletivo para contratação de médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde, para trabalharem na enfermaria e UTI do hospital de campanha que atenderá os pacientes da Covid-19. A equipe que presta serviços no AME permanecerão trabalhando em outras funções.

Em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual da Saúde, a reportagem do O Foco foi informada que não há tempo hábil e nem outra possibilidade de mudar o local do hospital de campanha do AME em Andradina para outro prédio, permanecendo como o anunciado pelo governador João Doria. O mais recente anúncio foi do AME de Dracena que também passará a ser hospital de campanha.

O AME presta diversos serviços na área da saúde, como atendimentos médicos e não médicos, exames e cirurgias de baixa e média complexidade, mas os procedimentos não são com tamanha urgência como a criação dos leitos de enfermaria e UTI para atender pacientes da Covid.

HOSPITAIS LOTADOS

Dados da Diretoria Regional da Saúde de Araçatuba desta terça-feira (16), mostra que a Santa Casa de Araçatuba, está com 108% de sua capacidade dos leitos de UTI ocupados, ou seja, dos 25 disponíveis, 2 pacientes estão aguardando vaga. A Santa Casa de Birigui, está com os 10 leitos preenchidos e 1 pessoa aguardando vaga.

A Santa Casa de Andradina, está com 9 leitos de UTI ocupados (90% da capacidade ou 1 vaga disponível), Ilha Solteira com 100% e o Hospital de Mirandópolis está com 111,1% de lotação (2 pacientes aguardam leitos).

O Governo do Estado de São Paulo está tomando as medidas que o momento exige, para amenizar o sofrimento dos pacientes contaminados pela Covid que necessitarão de leitos de UTI. Os procedimentos realizados no AME não são de urgência, mas a criação de leitos da Covid é de extrema necessidade nesse período de avanços na média móvel de casos.

Para a Santa Casa de Andradina ampliar os leitos de UTI na própria instituição, serão necessários procedimentos como de ampliação da capacidade da usina de oxigênio medicinal (não comporta mais 20 leitos), dentre outras ações, pois leitos não podem ser instalados em qualquer lugar e acomodação diante do risco de contaminação pelo vírus, além do risco de infecção hospitalar, que só agravaria o quadro do paciente internado, relatou um profissional da unidade hospitalar. Tudo isso leva tempo e despesas.

A reportagem do O Foco entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Desenvolvimento Regional para obter informações sobre a demanda dos prefeitos. A Secretaria informou que recebeu a demanda dos prefeitos e encaminhou para a Saúde se manifestar à respeito do pedido.

Estranhamente, nenhum dos prefeitos que hoje fazem gestão para manter o AME funcionando, se manifestaram anteriormente junto ao estado ou Governo Federal para pedir novos leitos de enfermaria e UTI, mesmo a pandemia no país já ter feito mais de 1 ano e 279.286 vítimas no Brasil e 64.223 óbitos no Estado de São Paulo. A atitude dos políticos diante da gravidade da situação, soa mais como gesto de “politicagem e alto promoção” do que a vontade de resolver a crescente demanda por criação de novos leitos que é urgente.

Segundo informações obtidas por nossa reportagem, os pacientes que necessitam de procedimentos realizados pelo AME de Andradina, serão encaminhados para outros ambulatórios de especialidades, como o AME de Araçatuba. Nesta terça-feira, foram registrados 10 óbitos, sendo 8 Santa Casa Araçatuba, 1 na Santa Casa Guararapes e 1 na Santa Casa Andradina, segundo dados da DRS.