O governador de São Paulo, João Doria e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, ambos concorrentes à indicação do PSDB para a presidência da República, se uniram contra o terceiro postulante, o governador Eduardo Leite, em nota que repudia a proposta de adiamento das prévias, marcadas para daqui a 6 dias. O tom duro do documento sinaliza para o acirramento da disputa que promete deixar sequelas e já abala as relações internas na legenda.
Ambos taxaram o adiamento das prévias de “imoral e inaceitável” e classificaram a iniciativa de “casuismo eleitoral”. “A experiência adotada pelo PSDB oferece inúmeras alternativas confiáveis para a realização das eleições no prazo acordado, ou seja, 21 de novembro” - declaram. E concluem: “Eleições não se adiam. Eleições se realizam”.
Por meio de rede social, Leite desmentiu que pretenda o adiamento. E reagiu ao ataque dos correligionários e adversários. "Não procede a informação de que nossa campanha tenha proposto adiar as prévias do PSDB", publicou. "Não faz sentido postergarmos a decisão em um processo no qual trabalhamos com absoluta confiança na vitória. Queremos todos os filiados com o app em mãos e decidindo o futuro do PSDB no dia 21".
O episódio marca o pior momento da crise interna que se instalou no ninho tucano desde que os dois governadores e o ex-prefeito iniciaram a disputa pela indicação partidária. E é o mais grave sinal até aqui de que a legenda caminha para o racha e provavelmente encontrará dificuldades para reunificação após as prévias. O cenário compromete as chances do partido de viabilizar uma candidatura de terceira via, em alternativa à polarização entre Bolsonaro e Lula.
O PSDB vive a continuação do declínio político a partir da sequência de derrotas eleitorais nas disputas pelo Planalto - situação que teve seu auge no pífio desempenho de Geraldo Alckmin em 2018.