Os três chefes das Forças Armadas decidiram pedir demissão em conjunto e serão substituídos do posto, informa o Ministério da Defesa nesta terça-feira, dia 30. A decisão definitiva foi tomada hoje após reunião com o novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, que entrou no lugar do general Fernando Azevedo e Silva. Com isso, saem dos comandos do Exército o general Edson Pujol, da Aeronáutica Antonio Carlos Moretti, e da Marinha Ilques Barbosa Júnior.
A renúncia conjunta dos comandantes das Forças Armadas - algo inédito na história do país - é uma reação à demissão do ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva, que foi decidida pelo presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira, dia 30. A saída de Pujol, cuja demissão já havia sido pedida antes por Bolsonaro, era tida como certa entre o meio militar, mas ainda havia dúvidas sobre a permanência dos chefes da Aeronáutica e Marinha.
Em nota curta de despedida, divulgada ontem, Azevedo e Silva pontuou o que teria sido um dos seus maiores legados: "preservei as Forças Armadas como instituições de Estado". Nos bastidores, pessoas próximas ao ex-ministro da Defesa dizem que ele se desgastou com Bolsonaro pela sua tentativa de manter os militares da ativa distantes do governo Bolsonaro. A demissão de Azevedo foi interpretada como uma tentativa do Planalto de ter mais influência política nas Forças Armadas.
A saída dos comandantes representa uma das maiores crises no meio militar desde 1977, quando o então presidente Ernesto Geisel demitiu o general Sylvio Frota do cargo de ministro do Exército. Os motivos e o contexto, no entanto, eram bem diferentes. Frota queria radicalizar ainda mais a ditadura militar no momento em que o regime dava sinais de esgotamento.